A cultura, veiculada através de diferentes perspetivas artísticas e testemunhos pessoais, foi a nota dominante na tarde de 4 de julho, num evento que teve lugar nos Serviços Municipais Desconcentrados de Santa Marinha do Zêzere sob o tema “Música e Músicas, História e Histórias”.

A sessão contou com a presença da vereadora da Educação, Formação, Qualificação Profissional, Emprego e Ensino Superior da Câmara Municipal de Baião, Ivone Abreu, do presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha do Zêzere, António José Carvalho e de diversos autarcas e membros do movimento associativo local.

Organizada pela Associação Amigos de São Tomé de Covelas, a tarde cultural trouxe a Baião uma personalidade ímpar do panorama cultural português do século XX: Arnaldo Trindade. Com raízes familiares no concelho de Baião, Arnaldo Trindade brindou a plateia com um testemunho sobre o seu percurso de dinamizador cultural, desfiando histórias sobre a criação da Editora Orfeu, por via da qual deu a conhecer ao grande público escritores como Miguel Torga ou autores e cantores como Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Chico Buarque.

A tarde contemplou ainda o lançamento do livro “Alma a Nu”, de Carlos Azevedo, cuja apresentação esteve a cargo de Ivone Abreu. Médico de profissão, o autor dedicou-se após a reforma, à escrita da poesia e nesta obra reúne poemas provenientes de dois trabalhos: “Grito” e “Inquietude”. A obra totaliza 77 poemas que podem ser descritos como “estados de alma, um misto do perpassar pelas memórias pessoais, acrescido da contemplação das imagens que se vão colhendo no tempo presente”.

Nos seus poemas, Carlos Azevedo “fala do desnorte que é a vida e também do enorme sofrimento que a mesma acarreta, mas não deixa de procurar a outra face da moeda, de fazer festa com esta existência, de observar simplicidades que o rodeiam e que no fundo embelezam este caminhar”.

Numa tarde onde a cultura e os testemunhos pessoais foram a nota dominante, não poderia faltar a interpretação de vários temas emblemáticos da música portuguesa do século XX, em concreto da chamada “música de intervenção”, sendo que todos eles foram originalmente gravados pela editora Orfeu. O apontamento musical esteve a cargo dos intérpretes Carlos Andrade, João Teixeira e José Silva e deu lugar, no final, a um período de debate onde os oradores e a plateia trocaram pontos de vista e opiniões sobre os temas que preencheram a tarde.

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