Carlos Bianchi Advogado |
A primeira é de que há sistemas democráticos em que a vitória não é de quem tem mais votos populares. Aconteceu nos Estados Unidos em 1824, 1876, 1888, 2000 e com Donald Trump agora. Surpreendentemente, há, por aqui, quem critique este sistema. E digo, surpreendentemente, porque são os mesmos que, muito recentemente, abriram o precedente, de tornar primeiro-ministro a mesma pessoa a quem o voto popular relegou para segundo lugar, nas eleições. Estranho, não é?
A segunda é de que se institucionalizou a geração BIG BROTHER. Dessa embrutecida, demagógica, populista e anti-sistema geração são muitos os exemplos, mundo fora. Ficamo-nos pelos políticos, como Marine le Pen, Boris Johnson, Sílvio Berlusconi, Pablo Iglésias, Aléxis Tsipras, etc. O que lhes faltava era mesmo uma eleição significativa. E de repente surge Donald Trump! Que bom para eles! E para nós, como será?
A terceira e última perplexidade é que nesta, nova, realidade politica e social, há algo que nunca mudará: a facilidade com que o voto secreto desmascara um discurso, politicamente, correcto. Seja qual for a realidade politica em vigor (o caciquismo vigente em Portugal ou a política reality show americana), a verdade é que quem vota, fá-lo contra o discurso dominante. Quem não se lembra das críticas feitas a quem pretendia ser reeleito em 2009, para alguns municípios? Quem não se lembra que se disse de Trump? Resultado: foram eleitos, por voto secreto, os criticados. Em alguns casos até com votações superiores às que haviam sido expressas em eleições anteriores e/ou contra as sondagens publicadas. Expressão máxima da liberdade de voto ou, pura e simplesmente, cinismo?
Ficam, por agora, as questões. Tememos apenas que as respostas sejam dadas, com o atraso dos concelhos e do país. Ou então com a utilização do botão vermelho! Veremos (esperamos nós)!