A autora, que edita pela terceira vez, não assume tratar-se (pelo menos completamente) de uma obra autobiográfica. Admite, porém, que são as suas vivências em Alvite, vila onde nasceu, as histórias e os pensamentos das gentes da terra que preenchem o livro, volumoso, de 286 páginas.
Lurdes Silva, professora, como é também a autora, escreve no prefácio que “… As palavras, mesmo que às vezes apenas implicitamente, navegam sempre em torno de um ventre fértil representado pela serra-Terra-Nave-Mãe, vinculando- se a um quotidiano aleatório de pensamentos soltos que nos contam histórias de vida. A própria vida da autora. Uma vida que acontece em ambiente idílico onde os valores culturais se proclamam e se confundem com as próprias raízes das urzes e das giestas. Nessa aldeia, em plena serra da Nave, desde cedo as pessoas aprenderam a lidar com os elementos da natureza, numa transfiguração adaptativa de sobrevivência e identitária de um povo que mesmo na fisionomia se aproxima, estranhamente, ao povo cigano ainda que não haja evidências sobre esse hipotético vértice genealógico…”.