Moimenta da Beira: Vai fazer 100 anos no domingo e ainda racha a lenha e vai ao café todos os dias
Lúcido e ágil fisicamente, e uma memória prodigiosa, um cérebro carregado de lembranças tão extraordinário que na freguesia tem o apelido de “GPS humano”, porque é a ele que recorrem sempre os proprietários de terrenos na hora de serem repostas as marcações e delimitações dos campos agrícolas ou urbanos. É que ninguém na freguesia tem memória mais antiga (e ainda tão espantosamente viva e funcional) que Joaquim Carvalho, ou “Joaquim da Quinta”, como é mais conhecido em Granjinha, povoação anexa da freguesia de Sever, concelho de Moimenta da Beira, onde nasceu há 100 anos, centenário que vai comemorar no próximo domingo, 13 de novembro, primeiro entre a família, os amigos, e depois com toda a população num magusto tradicional.
À memória perfeita que ainda preserva, Joaquim Carvalho, viúvo há 14 anos, quatro filhos, junta a agilidade física. “Ainda racha a lenha para a lareira e vai ao café todos os dias”, lembra Armandina, a mais velha dos filhos, com 73 anos, acrescentando que o pai “também semeia e arranca batatas, bebe o seu copinho de vinho e cozinha para si quando é necessário”.
Frequentou a escola aos 12 anos, mas saiu mal aprendeu a escrever o nome, porque, diz o filho mais novo, António, de 62 anos, “teve de ir trabalhar ao dia para ajudar a engordar o parco rendimento familiar”. “Naquela altura comíamos todos do mesmo prato”, lembra o idoso, que fala ainda do tempo de trabalho duro no Douro.