Não é, com efeito, uma região vitícola qualquer. Aí, a vinha e o vinho constituem a coluna vertebral da economia, a base principal do sustento familiar da grande maioria da população.
Exige-se, assim, dos responsáveis políticos, um conhecimento profundo dessa realidade e uma atenção muito especial na tomada de decisões.
É por isso que o PSD considera totalmente inaceitável que o Governo, tenha agora autorizado a plantação de 150 hectares de novas vinhas na Região Demarcada do Douro.
Esta decisão do Governo é, pura e simplesmente, um ataque inaceitável aos viticultores do Douro.
É um ataque inaceitável aos viticultores do Douro, desde logo, porque se trata de uma decisão unilateral do Governo, tomada nas costas e em sentido contrário às reivindicações unânimes de todos as entidades e agentes locais, sejam eles representantes da produção ou do comércio.
Com efeito, a Casa do Douro / Federação Renovação do Douro, representante dos produtores no Conselho Interprofissional, opõe-se frontalmente a esta opção, fundamentando tecnicamente a sua não razoabilidade.
A própria AEVP - Associação de Empresas do Vinho do Porto, repudia veementemente a decisão considerando essencial estancar o crescimento da área global de vinha, atenta a situação de desequilíbrio entre a oferta e a procura vivida na região.
Acresce que a posição destas entidades representativas da produção e do comércio tem também respaldo num Documento Complementar elaborado, em devido tempo, pelo IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I.P., com o rigor técnico que é seu apanágio.
É um ataque inaceitável porque se trata de uma decisão completamente arbitrária, tomada de forma centralista e sem critérios técnicos devidamente fundamentados e que, por isso, faz surgir uma pergunta: que interesses lhe estão subjacentes?
Esta decisão é tão incompreensível quanto se sabe que há um crescente excesso de produção na região, contribuindo, como óbvia consequência, para a degradação para níveis humilhantes dos preços pagos aos milhares de produtores do Douro, na sua grande maioria pequenos e médios lavradores.
É ainda incompreensível porquanto, rasga a decisão tomada pelo anterior Governo de proibir a transferência de direitos de replantação de fora da região.
Numa altura em que a região começa a estabilizar e a concentrar as suas energias no desenvolvimento de uma política vitivinícola assente no reforço das vantagens comparativas do vinho do Douro e do Porto baseadas no fator ‘qualidade’ e nunca no fator ‘quantidade’, esta opção do Governo é um verdadeiro desastre.
Assim, confrontados com esta inexplicável decisão do Governo, os deputados do PSD de Viseu e de Vila Real exigem ao Governo a reversão dessa autorização.