Em teoria nascemos todos iguais: página em branco, disposta para construção de uma personalidade, vivências e histórias. No entanto a nossa sociedade ainda é machista e a história da humanidade relata como as mulheres foram dominadas pelos homens.
Durante a evolução da sociedade, as mulheres nunca se conformaram com a situação de inferioridade, mas nem sempre tiveram oportunidade de expressar-se. Foi a partir do momento em que puderam fazer suas vozes serem ouvidas, que não mais se calaram e, desse momento em diante, a vida das mulheres foi mudando lentamente. O peso da desigualdade e da violência ainda esmaga um grande número de mulheres!
Em Portugal não era permitido o sufrágio feminino. O regime republicano concedeu, em 1911, o direito aos portugueses com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever e aos chefes de família, sem especificar o sexo dos eleitores. Esse argumento foi utilizado por Carolina Beatriz Ângelo, que era viúva e chefe de família, para votar, mas, a partir de 1913, o regime republicano especificou que só os «chefes de família do sexo masculino» podiam eleger e ser eleitos. Só depois do 25 de Abril de 1974, com a lei n.º 621/74 de 15 de Novembro, o direito de voto se tornou universal em Portugal. A conquista do direito ao voto foi essencial para a emancipação social, cultural, profissional e económica da mulher. Com o poder do voto nas mãos as mulheres passaram a ter vez e voz para reivindicações em todas as áreas. Hoje as mulheres são reconhecidas como chefes de família, coisa praticamente impensável até pouco tempo atrás.
O século XXI traz uma nova realidade, com mulheres inseridas no mercado de trabalho em diversas atividades, a liderar empresas, mulheres independentes integradas na sociedade e respeitadas pela mesma. Hoje contribuem de forma decisiva para o orçamento familiar. No entanto é extensa a lista na vigilância com os corpos femininos desde a roupa com que se apresentam ao simples ato de se sentar com as pernas fechadas. Estão sujeitas a uma observação de comportamentos nas formas de falar, andar, sentar, cumprimentar que os homens não estão.
Apesar da contribuição à família, às empresas, à sociedade, a mulher ainda é considerada uma força de trabalho secundária, mais cara e menos produtiva. Um eurodeputado polaco afirmou em fevereiro de 2017, no Parlamento Europeu, que as mulheres devem ganhar menos do que os homens pois são "mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes", dando como exemplo o facto de não haver nenhuma mulher nos 100 melhores jogadores de xadrez! As mulheres na União Europeia ganham em média menos 16% do que os homens.
O ideal será que homens e mulheres tenham igualdade de condições em todas as atividades da vida pública e privada, que vivam em harmonia. Que as lutas sejam travadas em conjunto por homens e mulheres na construção de uma sociedade mais justa, independentemente de ser do sexo feminino ou masculino
Não há como negar que as mulheres, nas últimas décadas, têm desbravado novos caminhos, superadas muitas dificuldades e barreiras. As mulheres «só» querem uma sociedade igualitária. Elas não querem, nem devem, masculinizar-se. A diferença é o que nos une.
A mulher moderna tem personalidade, é ágil, segura, confiante e possuidora da capacidade de enfrentar os desafios dos novos tempos, sem nunca perder a sua feminilidade: mulher, mãe, irmã, esposa, amante, amiga, companheira. É linda.
Um mundo sem mulheres não pode existir.
A todas vós, bem-haja!