Segundo o presidente da Câmara de Sever de Vouga, a produção de mirtilos, além da importância que tem na economia famaliar de cada um dos produtores, tem forte impacto na economia local. Com este nível de prejuízos, chega-se a temer que esteja em causa a Feira Anual do Mirtilo de Sever do Vouga.
As quatro organizações presentes na reunião de avaliação em Sever de Vouga - GIM, Mirtilusa, Bagas de Portugal e Qtª da Boucinha, referiram que os prejuízos são enormes, em muitos casos atingem uma perda de 100% da produção e terá impacto também no próximo ano, pela destruição dos ramos que deveriam produzir após a colheita deste ano. Uma das empresas presentes, que comercializa mirtilos de outras regiões do país, afirmou que no seu volume total de vendas as perdas de Sever de Vouga representam, pelo menos, uma diminuição de 20%.
Os produtores, na generalidade pequenos e muito pequenos produtores, queixam-se das seguradoras por praticarem preços demasiado elevados. Uma produtora de São Pedro do Sul afirmou que uma seguradora lhe pediu 13 mil euros por hectare para um seguro de colheita de mirtilos, outra produtora falou de quantias entre 15 e vinte mil euros por hectare e disse que perante estes valores resistiu de fazer um seguro. Com estes preços, dizem, é impossível pagar os seguros, ninguém tem seguros.
Os produtores defendem não só uma intervenção do Governo para regular a atividade dos seguros agrícolas, que está a deixar os agricultores desprotegidos e à mercê das intempéries, mas que também sejam acionados mecanismos nacionais e europeus de apoio aos produtores e ao restabelecimento da capacidade produtiva.
CARLOS MATIAS ESTEVE COM AGRICULTORES E EXIGE MEDIDAS DO GOVERNO
O deputado Carlos Matias (BE), da Comissão parlamentar de Agricultura, participou na reunião de Sever de Vouga e esteve em São Pedro do Sul, com os produtores da LAFOBERRY, a principal associação de produtores de pequenos frutos de Lafões.
Após ter visitado alguns pomares e perante a situação desoladora provocada pela intempérie, Carlos Matias questionou “se isto não é uma calamidade, o que será calamidade?”, ao ver pomares completamente destruídos com perda total da colheita deste ano e parte da colheita do próximo ano comprometida.
Todos os produtores presentes declararam perdas acima dos 60%. “Tinha aqui umas plantas que eram um orgulho, vinha cá todos os dias, preparava-me para a colheita e agora… isto é uma calamidade.” disse Paulo Paiva, presidente da LAFOBERRY -Associação de produtores de Pequenos Frutos de Lafões, com uma enorme tristeza no olhar.
Este dirigente associativo refere que se trata de um enorme prejuízo para os produtores, mas também para a região e para o país. Todas estas explorações resultaram de forte investimento público através do PRODER e dos produtores. A grande maioria destas explorações são de jovens agricultores, que as mantém com muito trabalho e muito sacrifício.
Presente também um produtor de vinho e de fruta em modo de produção biológico (MPB), Dirigente da INTERBIO, Ângelo Rocha, da Quinta da Comenda, que declarou ter sofrido perda total também nestas culturas. Um produtor de cogumelos em estufa fez questão de mostrar a sua exploração onde, por ação do granizo e do vento, viu a estufa destruída e com ela a madeira onde produz os cogumelos seca pela exposição sem proteção ao sol.
Carlos Matias registou todas estas declarações e comprometeu-se a levar o problema, na próxima quarta feira, à reunião da Comissão de Agricultura onde participará o Ministro Capoulas Santos. O deputado bloquista vai exigir que o Governo declare a situação desta região em estado de calamidade, proceda ao rápido levantamento dos prejuízos, defina apoios de emergência aos produtores e acione as medidas do PDR2020 que se destinam à reposição do potencial produtivo das explorações agrícolas.
O deputado do Bloco comprometeu-se com os produtores, em colaboração com as suas associações e organizações, a estudar e propor na AR medidas de proteção a este tipo de riscos, devidamente adaptadas e estas culturas muito sensíveis e com elevado potencial exportador. Referiu que “a pequena agricultura familiar está a modernizar-se, a ganhar capacidade e a criar postos de trabalho, nomeadamente no interior, não pode ficar sem apoios quando sofre uma calamidade destas, não bastam declarações são precisas ações.”