A cerimónia está marcada para as 14h30 e inclui um percurso (a pé e de autocarro) a partir do elemento físico que representa o Sol, o astro-rei, colocado junto aos Paços do Concelho, até Neptuno, o último planeta do Sistema Solar, colocado na praia fluvial de Segões. Os restantes estão fixados no núcleo urbano da vila de Moimenta da Beira (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) e nas localidades de Semitela (Júpiter), Baldos (Saturno)) e Alvite (Úrano).
O trajeto inaugural, aberto ao público interessado, envolverá a participação de dezenas de crianças do 3º e 4º anos, porque já têm no currículo conteúdos da Astronomia, e porque o projeto, divulgador da ciência, da tecnologia e da arte, “é um instrumento pedagógico ímpar que passa a estar ao serviço da comunidade, qualquer que ela seja: escolar, científica ou outra, portuguesa ou estrangeira ”, explica José Eduardo Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira.
A construção do modelo físico da representação do Sistema Solar à escala do concelho, implantado em espaço público (e de forma permanente), não passou pela conceção dos astros em formatos esféricos, mas pela elaboração de formatos em discos (metálicos), que representam o Sol (com 1,39 metros de diâmetro) e têm assinalados, cada um deles, os oitos planetas principais do nosso Sistema Solar nas dimensões e distâncias proporcionais cientificamente calculadas. Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, reduzido à escala, ficou com um tamanho ainda mais reduzido que o de uma bola de futsal. E Mercúrio, o mais pequeno, com o tamanho de uma ervilha anã. “Assim, é-nos possível compreender as dimensões e as distâncias entre os diferentes astros que constituem o Sistema Solar”, justifica Paulo Sanches, professor, coordenador do Clube das Ciências do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, e responsável pela conceção do projeto.
A singularidade deste Sistema Solar, que o torna verdadeiramente único em Portugal e na Europa (e provavelmente no mundo), é a sua vertente artística e também de inclusão social. Artística porque oito dos nove discos metálicos foram intervencionados por pintores, arquitetos, escultores, ilustradores e designers, todos com formação pelas Faculdades de Belas Artes do Porto e Lisboa. E de inclusão social porque um dos discos tem a mão criativa de vários utentes da Artenave, uma instituição de solidariedade sediada em Moimenta da Beira que tem como grande objetivo contribuir para a promoção social da população da região nordeste do distrito de Viseu, através de atividades organizadas para crianças, jovens e adultos, independentemente da origem e das características físicas, intelectuais e mentais de cada um. “Quisemos dar um toque especial de talento e génio”, explica Sara Fernandes, designer e responsável pela conceção artística do projeto.
O Sol foi intervencionado por Nuno Bastos (arquiteto); Mercúrio por David Silva (arquiteto) e Cristina Aguiar (designer); Vénus por Sara Fernandes (designer); Terra por utentes da Artenave; Marte por Francisco Cardia (pintor); Júpiter por Joana Alvim (designer); Saturno por Raquel Pequito (escultora); Úrano por Daniel Correia (pintor/ilustrador); e Neptuno por Mariana Silva (arquiteta).
Estremoz, concelho do distrito de Évora, criou em 2007 o primeiro (que era único até agora em Portugal) Sistema Solar à escala. Na Europa, a Suécia foi o primeiro país a ter um modelo do género, construído entre 1986 e 1989. Porém, nenhum deles tem a marca artística e de inclusão social. No mundo não há notícia de haver outro com as valias do que agora é inaugurado em Moimenta da Beira, município que reforça e consolida assim a sua posição no panorama científico nacional, porque no seu espaço concelhio já é organizado, há alguns anos, a maior concentração de telescópios do país.